quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A influência dos amigos nos comportamentos disruptivos

Quando a criança ingressa no Jardim-de-infância ou na Pré-escola, os seus modelos passarão a ser os educadores e os seus colegas ou amigos. A criança vai aprendendo e adquirindo comportamentos através da sociabilização, isto é, através da observação que faz dos comportamentos dos diversos elementos constituintes da sociedade. Inicialmente, a criança começa por observar e imitar os comportamentos dos seus pais, sendo estes os seus primeiros modelos. Posteriormente, sobretudo quando a criança ingressa no Jardim-de-infância ou na Pré-escola, os seus modelos passarão a ser os educadores e os seus colegas ou amigos. Neste sentido, a criança poderá adoptar, tanto comportamentos assertivos, como comportamentos disruptivos, dependendo dos comportamentos observados nos seus modelos.

Modelagem: imitação dos comportamentos observadosAs primeiras relações comportamentais que ocorrem na vida de uma criança estabelecem-se primeiramente com os seus pais. Os primeiros comportamentos que ela adopta por imitação são aqueles que ela observa nos seus pais, sendo estes os seus agentes modeladores. Mas a educação familiar não é a única influência no seu desenvolvimento. As crianças vão recebendo influências de outros indivíduos mediante o processo de sociabilização, devido à sua interacção com outras pessoas. Com a frequência do Jardim-de-infância ou da Pré-escola a criança irá adquirir novos comportamentos ao observar e imitar os educadores e os seus colegas e amigos, passando estes a ser os seus modelos. O processo de observação e posterior imitação dos modelos é denominado por modelagem. Tudo aquilo que a criança vê, ouve e sente fica armazenado na sua memória e irá influenciar o seu modo de viver. É desta forma que a criança vai modelando e formando o seu processo de desenvolvimento da personalidade.


Comportamentos disruptivos


Os comportamentos disruptivos são considerados como uma transgressão das normas escolares, prejudicando as condições de aprendizagem, tanto da própria criança, como das outras crianças de sala, o ambiente de ensino e as relações interpessoais, quer entre pares, quer perante as figuras de autoridade. Assim sendo, estes comportamentos incluem a indisciplina e o desvio às regras do trabalho escolar. Os comportamentos disruptivos são uma questão com a qual educadores e professores se têm vindo a deparar constantemente. Estes comportamentos podem ocorrer quando as crianças se sentem frustradas, quando têm dificuldade em lidar com a autoridade, quando têm dificuldade em cumprir regras ou quando procuram a atenção do adulto ou dos colegas ou amigos.


Influência dos pares


O período pré-escolar é fundamental em termos de desenvolvimento. Entre os três e os seis anos de idade, sensivelmente, a criança está mais desperta e predisposta para aprender e adoptar com mais facilidade e rapidez o comportamento observado nas relações entre os pares. Desta forma, os pares têm uma influência fulcral sobre os comportamentos da criança.Tem-se verificado um crescente reconhecimento da importância da interacção com os pares no processo de desenvolvimento da criança. Esta interacção é imprescindível para a socialização durante infância, conduzindo a uma aprendizagem de papéis, a um desenvolvimento cognitivo e moral, ao domínio de impulsos agressivos e à aquisição de competências sociais. Se por um lado determinados comportamentos que a criança vai observando no seu dia-a-dia têm uma influência benéfica para o seu desenvolvimento, há outros que poderão ter uma influência nociva. A criança ao observar um comportamento inapropriado, poderá adoptar posteriormente esse mesmo comportamento e, consequentemente, tornar-se numa criança com comportamentos disruptivos constantes. Vários estudos demonstram, por exemplo, que as crianças se tornam mais agressivas quando observam modelos violentos ou agressivos.É natural uma criança imitar um comportamento inadaptado de um amigo seu, sobretudo quando este é um líder, isto é, alguém que todas as crianças veneram, seguem e imitam. Perante um comportamento deste género, algumas crianças acham graça e, como tal, tenderão a imitar esse comportamento com a esperança de que a reacção dos colegas seja a mesma verificada com os seus pares e que possam, também, serem vistos como líderes.


Desafiar a autoridade


Mesmo quando determinadas crianças são repreendidas por terem comportamentos disruptivos e têm consciência que estão a desrespeitar as regras, continuam a adoptar esses comportamentos, pois enaltece-as o facto de enfrentarem o agente de autoridade. Este desafio, para algumas crianças, pode ser visto como grandioso e, como tal, uma atitude a seguir.Muitas crianças, para fazerem parte de um grupo, para serem aceites por este, tendem a imitar os seus comportamentos e atitudes disruptivos, uma vez que sabem que se não o fizerem, jamais se poderão juntar a esse grupo. Muitos fazem-no para serem bem vistos pelos seus pares, outros acabam mesmo por ser persuadidos ou obrigados. Nestes casos, os pares fazem com que as outras crianças imitem todos os seus comportamentos, fazendo-lhes crer que assim serão bem tratados e respeitados pelo grupo, podendo vir a ser parte integrante do mesmo. Verifica-se então, que a criança já não age por livre e espontânea vontade, como o referido anteriormente, mas sim porque é obrigada. Pode-se afirmar que qualquer criança está fortemente sujeita à influência do grupo de pares a que pertence e à turma onde está inserida. Contudo, essa influência dependerá da personalidade de cada criança, sendo mais fácil persuadir crianças como uma personalidade menos vincada, que aceitam facilmente aquilo que os outros dizem ou fazem, que têm pouca vontade própria e crianças cujas famílias são desestruturadas e estão desajustadas às suas necessidades. É necessário todos os agentes educativos, nomeadamente os pais, estarem atentos a este tipo de comportamentos e tomarem medidas pois, futuramente, poderemos vir a ter adolescentes e adultos agressivos, rebeldes, sem regras e sem respeito pelos outros.

Medidas a adoptar face à imitação de comportamentos disruptivos:




  • Estabelecer regras claras juntamente com a criança. Será mais fácil ela as cumprir se participar na elaboração das mesmas;



  • Estabelecer rotinas para que a criança se mantenha ocupada durante mais tempo;



  • Estimular a criança a fazer determinadas escolhas e valorizar essas escolhas;



  • Demonstrar que a criança é boa em diversas actividades;



  • Reforçar e elogiar sempre os comportamentos assertivos;


  • Falar com a criança e fazê-la ver que os comportamentos que está a adoptar não são correctos. A comunicação entre os agentes educativos e a criança é fundamental;


  • Imediatamente após um comportamento disruptivo, peça à criança que pense durante algum tempo sobre o que acabou de fazer e seguidamente que verbalize os seus pensamentos;



  • Não atribuir castigos exageradamente. A criança irá perceber que por qualquer coisa que faça será sempre castigada, como tal, já nem se importará de ser castigada.



  • Jamais isolar a criança ou proibir que ela se dê com determinadas crianças;



  • Quando os pais não conseguem lidar com estas situações, ou quando já esgotaram todos os seus recursos, a atitude a tomar será consultar um Psicólogo.

0 comentários: